Saber a diferença entre fala e escrita; perceber que uma permite certa liberdade, e outra segue normas; entender a relação entre letras e sons: esses são alguns dos assuntos abordados por Luciana Cidrim, Marígia Aguiar e Francisco Madeiro no livro “Escrevendo como se fala”. Por ser um estudo lingüístico, a obra narra a trajetória que leva o latim clássico a nossa língua portuguesa. Nesse ínterim, a literatura posicionou-se como divisora entre a língua falada e escrita; a partir dela prezou-se pela ortografia, que significa escrita correta. A partir disso, os autores explicam os três períodos de nossa ortografia: fonético, pseudo-etimológico e simplificado. Apresentando uma pesquisa com alguns alunos de segunda e quarta série do ensino fundamental da rede pública, a obra defende que muitos desvios ortográficos são influenciados pela oralidade. O resultado da avaliação conecta, em 12 categorias, os equívocos encontrados e as transformações lingüísticas sofridas pela língua portuguesa em sua história. Somente uma língua muito usada e viva pode apresentar tantas alterações ao longo do tempo; essas modificações vieram de evoluções fonéticas e ramificaram muitas outras línguas. Ao mesmo tempo que a oralidade interfere na grafia, a escrita altera o modo de falar; isso ocorre de forma natural na zona rural brasileira. Segundo os autores, quando não existe o hábito ortográfico, a oralidade permanece livre de norma. O mesmo é mais difícil de ser encontrado na zona urbana, pois há o costume de se utilizar a linguagem escrita. Sem enfatizar que seja um erro, mas esclarecendo a diferença entre português-padrão e português-não-padrão, o livro incumbe o professor de explicar que a linguagem oral permite certas flexões, mas que não podem ser colocadas no papel. Com sugestões de atividades que desenvolvam as duas linguagens e fixem a ortografia, “