As delicadezas wladimirianas escorrem contracorrente. Já começam em forma de pássaros, animais sonoros, voadores, miméticos, íntimos da natureza delicada. Sob a musicalidade do S e do R de pássaros, saboreamos Ossos ciscam, / saltitam silentes, para pequenos pássaros que visitam a terra, e provamos Do outro lado, / ronca o tucano, / negras asas ruflam, para que a presença preguiçosa da ave surja dentro do nosso ânimo. E as páginas e os versos seguem contemplativos na delicada construção de imagens por meio dos sons do pica-pau e do eco da cisterna, por meio da paisagem que as palavras compõem em um opaco enigma que conduz à liberdade, por meio da solução minimalista e reflexiva dos haicais que, na brevidade, oferecem a calma brancura do que resta na página. Brancura ressaltada até pela delicadeza do vermelho das árvores com acerolas no Natal tropical pleno verão suavizado pelos três versos. A intertextualidade é outro assunto delicado na pena do autor. [...]