Há pouco mais de trinta anos, a Antropologia sofreu uma guinada inesperada em sua trajetória de ciência do Homem. Assentada desde o século xix em teorias e visões de cunho científico, orientadas ora pela lógica dialética - como o evolucionismo sociocultural, a ecologia cultural e o marxismo -, ora pela lógica da identidade - como o culturalismo e o funcionalismo -, ora pela lógica da diferença - como os durkheimianos da Escola Sociológica Francesa - e, por fim, pela lógica clássica ou sistêmica - como o estruturalismo -, a Antropologia foi açoitada por um tal vendaval de extravagâncias e exigências que a chacoalhou em suas modestas certezas científicas e em seus sinceros propósitos humanistas a ponto de, em certos momentos, pressentir que, talvez, nem mais sentido faria. Hoje ela aí está a cambalear zonza e atônita com o que lhe vem acometendo. É chegada a hora de um acerto de contas com esse estado de coisas, de enfrentar as incertezas e os dilemas, de rediscutir os princípios e as teorias que dão sustentação ao pensar antropológico e formular as bases constitutivas de uma nova teoria da Antropologia, uma Antropologia hiperdialética, objeto deste livro inovador.