"A Paz pelo Comércio Internacional" mira suas indagações na inexistência de um poder mundial central, superior às jurisdições nacionais. A coragem do autor reside justamente em propor um novo caminho em direção à tão decantada, sonhada e ainda utópica estabilidade global. Com o término da Segunda Guerra Mundial e conseqüente supremacia da ideologia do capitalismo anglo-saxão, o dogma do Estado, como ente fechado e garantidor da ordem, passa a ser contestado, assumindo a roupagem de um espaço dinâmico e economicamente ativo - o "Estado Constitucional cooperativo" - cuja denominação vem adquirindo musculatura para ser defendido em todos os cantos. A noção de soberania sofre um processo de relativização, modificando o poder estatal sem que o Estado deixe de ser o principal protagonista dos conflitos, especialmente da guerra, ainda que condicionado por outro Estado hegemônico. Fato incontestável e irreversível é a exclusão do debate político das decisões econômicas, tema central muito bem detectado e delineado pelo autor. Este aponta, como resposta e solução eficaz à inexistência de uma "jurisdição mundial", a estatuição de um processo de liberalização do comércio internacional, apto a ampliar os laços de interdependência entre os países e, mais que isso, aproximar os povos, unificando-os em torno de um grande interesse comum. O autor contribui de maneira inovadora no movimento histórico mundial, levando a crer que a paz será obtida quando as relações entre os Estados forem garantidas não mais pelos poderes soberanos centrais, ou mesmo por uma única soberania global, mas sim pela integralização das culturas e pela justiça dos interesses reciprocamente compatibilizados, em um movimento por ele mesmo definido como "a nova utopia", aqui apresentado como o processo capaz de tornar obsoletos os fuzis, as bombas e os canhões.