Entre a fluidez dos desejos erticos e as normas de comportamentos ditos sadios em nossa cultura, uma questo aparece como constante: onde se encaixa a representao da sexualidade? A imagem de uma relao considerada paraflica ou perversa pelas cincias da psique (psiquiatria, psicologia e psicanlise) tambm algo perverso? Existem representaes belas, ticas, inteligentes, sensveis e convenientes classificadas como erticas; enquanto outras so tidas por grotescas, imorais, estpidas, agressivas e nocivas ou seja: pornogrficas? A luta por classificar e separar o ertico do pornogrfico a batalha por legitimar um poder estabelecido atravs da distino social. Assim, percebe-se o quanto os conceitos de erotismo e pornografia, ou sexualidade sadia e perversa, so criaes de grupos estabelecidos em certas estruturas de poder que manejam estes ideais a fim de manterem estas posies, valorizando suas diferenas frente a grupos que possam amea-los no apenas na hierarquia social, mas tambm na coeso de seus valores. A mesma coisa pode ser dita quanto ao humor, o universo do riso e aos corpos que escapam a todas as classificaes de normais ou belos. Neste trabalho, percebe-se que a representao sexual bizarra/ sadomasoquista/ fetichista possui uma forte herana dos espetculos de aberraes humanas e freak shows, pois ela tambm, sua maneira sexualizada, espetaculariza os corpos em situaes extremas, nas quais eles fazem ou so maravilhas e prodgios. Se a pornografia pode ser entendida como a verso torta e deformada do erotismo, a ramificao desta, conhecida como sexo bizarro ento sua extenso mais radical. Indo alm de simplesmente apresentar o sexo, os produtos porns envolvendo sadomasoquismo, fetiches e prticas incomuns, procuram a espetacularizao do estranho e inusitado em matria de prazeres sexuais. Desta maneira, tais shows so criados para apresentar um corpo monstruoso no apenas no contexto de mali