A terceira edição deste livro aparece trinta anos após a anterior, datada de 1978. Não que o pós-25 de Abril em Portugal e a globalização que grassa pelo planeta tenham desactualizado a mensagem central que o autor propôs a toda uma geração. Muito pelo contrário: hoje, mais do que nunca, importa reflectir sobre o texto admirável da Cultura Integral do Indivíduo, bem como sobre outros de igual profundidade e alcance cívico e moral. «Se não receio o erro, é porque estou sempre pronto a corrigi-lo» foi o lema do ensino do militante empenhado da ciência e da cultura que foi Bento de Jesus Caraça. «O que o mundo for amanhã, é o esforço de todos nós que o determinará.» Era e continua a ser imprescindível compreender a sociedade em que vivemos, bem como os caminhos que escolhemos rumo ao futuro - um futuro que começa sempre hoje. A leitura dos textos apaixonados e simultaneamente lúcidos deste livro mostra-nos que a mudança é a base da esperança - e como, enquanto formos vivos, é importante mantermos o mundo a mudar. A actualidade e o equacionamento das questões examinadas enchem-nos de espanto. A dedicação à causa colectiva, à emancipação pelo conhecimento, ao convívio fraterno com os outros, bem como a confiança essencial no aperfeiçoamento do ser humano fizeram de Bento de Jesus Caraça um símbolo. Este representa a liberdade na sua luta contra a ignorância, contra a superstição obscurantista, contra a repressão e contra o medo que amordaçou o país até Abril de 1974.