Novo, importado, em estoque. Incerta, chamou Régnier a esta história, para nos lembrar como ela hesita, sem opção nítida, entre a possibilidade desde logo desfeita de uma intriga policial, e depois de uma discreta vontade de fantástico ou mesmo de uma simples alucinação. Há um busto que desaparece e reaparece; há um espelho que duplica a realidade, mas decidido a fazer nela uma alteração selectiva; e também há o homem que sai de uma doença com sequelas psicológicas e talvez só esteja a enfrentar alucinadamente esta realidade sem mistério que nos cerca. A narrativa, na primeira pessoa do singular e feita por esse homem, limita-nos deliberadamente as perspectivas e envolve de incerteza a sua visão. Mas Esta personagem humana vai deslocar-se para Veneza, a cidade que também terá aqui um principal lugar; Veneza é a cidade que incansavelmente se repete na obra literária de Henri de Régnier; a que ele frequentou, sempre dominado por uma insaciável paixão.