Onze anos após a primeira edição, as reflexões presentes nesta obra ainda são oportunas, pertinentes e aplicáveis diante da realidade educacional e social brasileira. Com isso, torna-se premente a necessidade da formação de leitores críticos, capazes de analisar, apreciar e julgar a palavra escrita. Neste livro, a tarefa dos ensaios, além de frisar a importância do ato de ler, como tão acertadamente disse o prefaciador, Luiz Percival, "está na democratização do acesso aos bens de cultura que se articulam com a leitura e na constituição de um leitor capaz de perceber e evitar as armadilhas ideológicas do texto, um leitor capaz de, encontrando a autoria do texto que se dá a ler, posicionar-se criticamente diante do outro e, tomando-lhe a palavra, torná-la sua". Essa tarefa não é fácil. Séculos de escravização da consciência, por meio da manutenção da ignorância e do conformismo, não se extinguem da noite para o dia. Porém, este é um livro repleto de esperança. O autor e seus ensaios, assim como tantos professores por todo o país, inspirados pelas palavras e pela coragem de personalidades como Paulo Freire, não desanimam e seguem em frente com a missão de afugentar as sombras. Vale ressaltar que a leitura crítica é primordial na educação oferecida pelas escolas brasileiras e nos modos de participação democrática em sociedade. Há muito que ser transformado e a criticidade não opera milagres nem revoluções da noite para o dia. No entanto, pouco a pouco, tal característica pode fazer que se enxergue o outro lado das coisas; ser um contraponto ou um escudo aos mecanismos da alienação; desnudar a mentira... enfim, pode gerar conflitos e recolocar a escola em seu lugar merecido.