E pensar que as crônicas deste livro foram escritas e publicadas há mais de vinte anos. Claro que os ambientes de hoje não são os mesmos, a tecnologia mudou muito a vida dos operadores do Direito e as cidades interioranas dispõem do melhor conforto; as carreiras jurídicas perderam um pouco a liturgia e o folclore de seus protagonistas. Parece que só a Suprema Corte do país, pelas atitudes públicas de alguns de seus membros, continua como fonte inesgotável de matéria-prima para o anedotário jurídico, graças às expressões caricatas, pronunciamentos açodados e atritos burlescos protagonizados no palco das suas sessões. Tudo, obviamente, reforçando a tese de que, apesar de todo o progresso, o ser humano continua o mesmo. Juízes, Advogados e integrantes do Ministério Público, em que pese com melhores oportunidades de se graduarem de títulos acadêmicos de Mestrado, Doutorado e o Pós-Doutorado, continuam, também, contribuindo para ótimas crônicas do cotidiano forense. Com certeza, outros cronistas deverão retratar com mais hilaridade os "causos" que fazem do mundo jurídico, das togas e das becas, um espaço menos vetusto. Ninguém que tenha adentrado no campo jurídico pode, em sã consciência, afirmar que nunca errou e nem cometeu gafe. Só nunca errou quem nunca combateu o bom combate nas trincheiras dos processos, nem se deixou envolver pela angústia de querer acertar e, muito menos, se preocupou com o ideal de servir a Justiça. Para esses, de pura soberba, a leitura deste livro é absolutamente dispensável.