A adoção e o consumo conspícuo de produtos caros que compõem o modo de vida das elites não é, em si, especificidade de um momento ou de uma sociedade. Contudo, o insistente noticiário sobre as escolhas materiais dos chamados "emergentes da Barra", além de toda a extensa fala que, a partir da mídia impressa, se espalhou por esta sociedade, é, ele sim, um fato social particular. Este livro coloca em causa questões que, em virtude de sua relevância para a compreensão do processo social contemporâneo, vêm, recentemente, atraindo renovada atenção por parte da Antropologia Social. Apresenta-se aqui um estudo etnográfico realizado ao longo de seis anos. O objetivo principal da pesquisa era compreender como, a um só tempo, diferentes segmentos da elite carioca consomem - material e simbolicamente - os objetos fabricados pelo capitalismo e se inserem ativamente no mundo da produção capitalista. O fenômeno social "emergentes da Barra" é analiticamente interessante sobretudo porque surgiu no mesmo momento em que ganhava centralidade, na mídia e na palavra cotidiana, a enorme preocupação com a crise econômica que se agravava na década de 1980 e avançava pelos anos 90, afetando gravemente a classe média. Naquele período, ao mesmo tempo em que denunciava a crise, a mídia impressa brasileira ampliava o espaço para a exposição daqueles que, assim se dizia, conseguiram ter sucesso apesar da conjuntura. Os emergentes, originalmente pequenos empreendedores vindos dos subúrbios e da Zona Norte do Rio de Janeiro, apareciam nesse contexto jornalístico como produtivos e, por isso, bem sucedidos. Fruto de tese de doutoramento da autora defendida no Museu Nacional/UFRJ, esta obra é o primeiro volume da coleção Cultura e Economia organizada pelo Núcleo de Pesquisa em Cultura e Economia (NuCEC).