Agostinho da Silva (1906-1994) nasceu na freguesia do Bonfim, Porto, formou-se em Filologia Clássica pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde também fez doutorado (1929). Ingressou no ensino secundário oficial em 1929 e dele foi expulso pela ditadura salazarista em 1933, por ter-se recusado a assinar uma declaração de não pertencer a sociedades secretas (mesmo que não tivesse pertencido). Demitido, Agostinho da Silva dedicou-se a publicação de "Os Cadernos", que levaram aos leitores de Portugal, de todas as camadas sociais, a cultura de nível universitário. Preso em 1943, decide-se por um exílio voluntário, partindo em 1944 para o Brasil. No Brasil, Agostinho da Silva lecionou e participou da fundação de varias instituições de ensino e pesquisa superior, como as Faculdades de Filosofia das atuais Universidades Federais Fluminense, da Paraíba de Santa Catarina, o Centro de Estudos Afro-Orientais da Universidade Federal da Bahia, o Centro Brasileiro de Estudos Portugueses da Universidade de Brasília e o Centro de Estudos Brasileiros da Universidade Federal de Goiás. Como assessor do presidente Jânio Quadros, desenvolveu ações de aproximação da nova política exterior do Brasil e das idéias que resultaram na criação da ICALP. Em 1969 retorna a Portugal, onde, a partir da década de 1980, suas idéias ganham uma grande repercussão e popularidade. Autor de inúmeros textos teóricos , literários, filosóficos, pedagógicos, e também tradutor, Agostinho da Silva expressava-se, antes de tudo, com a viva voz de um professor e de um educador, numa busca insaciável do saber e do alem do saber, em constante diálogo com o mundo e com o outro.