A autora apresenta a relação entre as características do trabalho pedagógico desenvolvido por professores de primeiro ano do Ensino Fundamental e aspectos das ações de formação continuada que a equipe de uma Secretaria Municipal da Educação do interior de São Paulo tem desenvolvido para a implementação da política do Ensino Fundamental de nove anos. Os documentos publicados pelo Ministério da Educação propõem a reformulação da proposta pedagógica por parte das escolas e sistemas de ensino ao implantar o Ensino Fundamental de nove anos, atentando-se, no que diz respeito aos anos iniciais, para a importância da ludicidade, do respeito à infância e das diversas expressões, incluindo o desenvolvimento do letramento e da alfabetização. No entanto, os professores que participaram da pesquisa relatada neste livro demonstram conhecimento e crenças que dificultam o atendimento dessas dimensões. No município investigado, a Proposta Curricular para o Ensino Fundamental de nove anos foi formulada pelo gestor da Secretaria Municipal de Educação e apresentada aos professores em capacitações. Coaduna-se, portanto, como uma perspectiva clássica de formação, em que o objetivo principal parece ser a atualização dos professores a partir de um ensino ministrado sobre técnicas pedagógicas de nível informativo e prescritivo. Esta visão condiciona a prática de cursos isolados e pontuais que não favorece a formação de professores que já estão em exercício profissional nem a implantação de uma política oficial, como o Ensino Fundamental de nove anos. A forma como se faz a (in) formação dos coordenadores pedagógicos das escolas por parte da equipe da Secretaria Municipal de Educação é muito próxima à forma como eles (in) formam os professores, em uma visão mecânica e transmissiva, que considera que, se o outro teve acesso à informação, tem toda condição de aplicá-la, o que gera dificuldades no trabalho pedagógico.