Costumamos ter uma idéia bastante vaga do que vem a ser a moral. A uns parece um jogo de prêmios e de castigos, a outros um conjunto de regras e proibições, ou ainda uma questão de bons sentimentos. O Autor examina esses conceitos num breve capítulo sobre o que não é a moral para depois analisar o que vem a ser a moral. E chega à definição de Santo Agostinho: a moral é Ars agendae vitae, a arte de conduzir a vida (A cidade de Deus, XIX, 3). É a arte de viver bem, de viver como deve viver um ser humano. Este é o ponto de partida de uma reflexão clara e ordenada, que mostra como todos os aspectos da vida humana o relacionamento com Deus, com os outros e com as coisas, a conjugação de bens e deveres, as fraquezas e os heroísmos têm a sua dimensão moral. A obra oferece-nos assim um panorama vivo e abrangente dos grandes temas da moral, sem recorrer a raciocínios complicados e sem repetir coisas sabidas. No centro dessa reflexão está a moral cristã que, como o Autor nos mostra, entronca perfeitamente com o sentir natural do homem: é aquilo que realmente desejamos fazer, para além das miragens com que a nossa ignorância, a nossa fraqueza ou a pressão do ambiente tantas vezes nos iludem. E também entronca sem atritos com a vida da graça divina que o cristão está chamado a levar, pois a essência da moral cristã não é um conjunto de normas e princípios, mas a identificação com uma pessoa viva: Jesus Cristo, Deus e homem verdadeiros. A moral cristã é, na realidade, a vida de Cristo entre os homens e poderia ser definida muito bem como a arte de viver em Cristo.