A mais absoluta objetividade, uma frieza cortante, quase nenhum adjetivo, nada que possa parecer sentimental, descrever as coisas sem diluir nem exagerar os fatos reais. Essa é a regra que os dois meninos gêmeos, narradores-personagens de “Um caderno e tanto”, de Agota Kristof, utilizam para registrar em um "caderno" a coleção de atrocidades pelas quais passaram. Dois corpos, uma só pessoa indiferenciada, é a besta-humana solta no mundo. Havia uma guerra e eles foram sendo levados para refugiar-se no campo, na casa da avó, conhecida no povoado como A Bruxa. Da violência estabelecida a sua volta, eles precisam aprender a defender-se. É a lei da sobrevivência; com o tempo não há Mal nem Bem que lhes seja impossível de realizar.