Ana Cláudia Romano Ribeiro vem fazendo uma trajetória poética de explícito deslumbre com o mundo; nessa obra, cada coisa ínfima explode em secretas epifanias de sentido e não-sentido, que se aclaram num prazer sensorial de existir em meio a tanto bicho, planta, terra, gente, corpos e palavras. Isso não quer dizer que o projeto poético seja monolítico. Muito pelo contrário: quem já leu Ave, semente (2021) e A casa das pessoas (2023) certamente sabe que os poemas-ilustrações concisos e contemplativos do primeiro estão a uma distância imensa das vertigens subjetivobjetivas nas peças mais longas do segundo. Apesar de tudo se tocar, não seria diferente neste O fragmento 31 de Safo e outros poemas. Aqui tudo parece emergir, desde o título, da experiência de leitura do fragmento 31 de Safo de Lesbos, como se o resto das obras gravitasse de modo algo desconexo. Não é o caso. Assim como Romano Ribeiro pega um mesmo fragmento para reescrever ritmicamente em estrofes sáficas brasileiras, (...)