Nascido em 1896, em Petrópolis, Cornélio Penna, após formar-se na faculdade de Direito de São Paulo, dedicou-se à pintura, gravura e ilustração antes de escrever os romances que o consagraram como o criador do realismo psicológico brasileiro. As marcas da experiência plástica, no entanto, estão presentes nos capítulos curtos de Fronteira, que em um ambiente estranho e quase onírico, leva o leitor a se inebriar e a praticamente enxergar os tons vaporosos e sombrios das cenas de uma casa no interior de Minas Gerais. Com paisagens e personagens de arestas opacas, a única certeza é que há nesse lugar indefinido uma fronteira que, nas palavras de Francisco Foot Hardman, fica entre sonho e realidade, entre passado e presente, entre natural e sobrenatural, entre crença e descrença, entre lucidez e loucura