"Ali, contávamos para todos os adultos presentes tudo o que havíamos feito durante o dia. Embora não parecesse, todos nos ouviam com atenção e respeito. Aquele era um exercício de participação na vida de nossa comunidade familiar." Memórias de infância de um menino indígena que nos fala das tradições de seu povo Munduruku transmitidas pela narrativa oral nos momentos felizes quando, sentado na aldeia, no colo dos mais velhos ou ao pé da fogueira, ouvia histórias enquanto eles catavam piolhos em seus cabelos e lhes faziam carinhos na cabeça. O livro tem oito histórias, algumas delas são mitos, outras lendas dos espíritos da floresta e outras lições de vida ou narrativas de memórias das brincadeiras inocentes. O autor Daniel Munduruku nasceu no Pará e viveu no norte do Brasil até os 21 anos. Depois se mudou para S.Paulo. Estudou na Universidade Salesiana de Lorena, é filósofo e hoje faz mestrado em educação na USP. Autor de vinte livros, muitos deles premiados pelo Brasil afora escreve para crianças e para leitores de qualquer idade. É fundador e presidente do INBRAPI - Instituto Indígena Brasileiro para Propriedade Intelectual, aonde junto com outros indígenas, procuram preservar o conhecimento dos índios brasileiros. As ilustrações de Maté, inspiradas na estética indígena, são aquarelas. As cores primárias, quentes, fortes e tropicais utilizam as formas da pintura corporal Munduruku. Retratam um modo de representação gráfica que utiliza a expressão pura daqueles para quem a arte faz parte do dia a dia.