Fala-se do atendimento psicanalítico como um campo intersubjetivo cria­do pela interação dos participantes. Se a situação mental do cliente costu­ma ser bem estudada e compreendida, a do psicanalista é menos referi­da na literatura. Muito além das descrições técnicas sobre a transferência e a contratransferência, o livro A Arte Interior do Psicanalista, procura se deter nos estados mentais do profissional na realização de suas atividades, referindo-se à imaginação, à sensibilidade e à intuição, sem deixar de incluir um forte sentimento de presença de vida, que corresponde ao con­tato com seu próprio ser. No atendimento, estão presentes fatores como a arte do acolhimento, a harmonia dos movimentos, a rêverie, a empatia e a experiência estética. Indo mais além, é possível que se encontrem uma atmosfera de sonhos, um alargamento do espaço mental e um floresci­mento da individualidade. Não se exclui o contato com o lado humano e versátil do psicanalista, nem sua sabedoria inconsciente. Entre as precon­dições e as condições de seu trabalho estão o humanismo, a dimensão cósmica e uma sólida filosofia de vida.