Negro Leo e´ o artista brasileiro que melhor soube incorporar a crise dos modelos hegemo^nicos e a desintegrac¸a~o este´tica e poli´tica que marca a segunda de´cada do XXI, em sintonia cri´tica com o que restou das promessas do Novo Mundo da alta tecnologia e dos Direitos Humanos. Sua mu´sica sopra nos ouvidos de quem quiser escutar: na~o morrer numa ma´quina, resistir numa ma´quina', mesmo que nossas u´ltimas esperanc¸as morram dilui´das no mundo das fanbases e dos algoritmos. A dimensa~o cancional para Negro Leo e´ um meio de sondagem, uma ferramenta com a qual ele conecta sua densa subjetividade a`s forc¸as co´smicas e subterra^neas, a`s pote^ncias do ferro e do fogo, da indu´stria e das vanguardas, da marginalidade e da responsabilidade. A ma~o que transforma a mate´ria, a terra, a psique, a geopoli´tica, a ficc¸a~o cienti´fica, o lodo e o cosmos. Em Deixa queimar, Bernardo Oliveira esmiuça os gestos inventivos de Negro Leo, suas parcerias, canções e discos, dando a medida [...]