Guido Crepax fez a Itália, e depois o mundo, se apaixonar por sua Valentina, uma fotógrafa descolada que vivia fantasias fetichistas. Bissexualidade, êxtase auto-erótico, sadomasoquismo e devaneios oníricos povoados de referências à Art Nouveau. Com ela, pela primeira vez os gibis entraram na lista dos artigos culturais de primeira classe. Tudo isso fez de Valentina um best-seller na Itália e Europa. A obra de Crepax influenciou grandes nomes dos quadrinhos adultos, como Manara e Serpieri. 'Valentina' estreou discretamente, como coadjuvante em uma série de ficção nas páginas da Linus - revista que inventou o gênero de 'quadrinhos adultos'. O herói era Neutron, um detetive que usava seu poder paralisante para combater o crime. Aos poucos, Crepax substituiu os temas policiais e de ficção científica por uma mistura complexa de erotismo, alucinações e sonhos. E Valentina tornou-se a mais importante personagem dos quadrinhos eróticos em todos os tempos. O segundo volume da coleção traz as histórias de Valentina desenhadas por Crepax entre 66 e 68 - quando a personagem começa a deixar de ser coadjuvante de Neutron e torna-se protagonista dos enredos de Crepax, influenciado pelas turbulências culturais que pesavam no Ocidente e descambariam no Maio de 1968.