Nos subterrâneos da memória, nossas raízes conversam e não são sempre palavras de amor que trocam; às vezes, se atritam, se ferem, porque nenhuma (re)existência é cem por cento pacífica não o eram no passado, não serão agora que postas em confronto. E, neste exercício de rememoração, não há compromisso estrito com a verdade dos fatos. Porque aqui lidamos com memória coletiva e tais histórias, aparentadas à oralidade, trazem seu componente de ficção, literariedade e busca de coerências internas de sentido - algo que a realidade, muitas vezes, deixa de exibir, por ser só a vida que se vive e por ser, quase sempre, diferente da vida que se conta. Os textos que aqui se apresentam, mantém este caráter: episódico, fragmentário, são flashes da jornada de pessoas e quem, sobre elas, escreve vê de um ponto, imagina, sonha com uma avó que responda a questões que, por vezes, são só de quem narra uma vida que não viveu, mas vislumbra. [...]