Por que ler Hilda Hilst, seguindo os parâmetros da coleção Por que ler (que já publicou os volumes Por que ler Shakespeare, Por que ler Dante, Por que ler Manuel Bandeira, Por que ler Oswald de Andrade e Por que ler Borges), divide-se em seis partes, todas a cargo de especialistas: "Nota do organizador" (Alcir Pécora), "Um retrato do artista" (Luisa Destri e Cristiano Diniz), "Cronologia" (idem), "Ensaio de leitura" (Sonia Purceno), "Entre aspas" (Luisa Destri) e "Estante" (Sonia Purceno). Fica bastante fácil, então, saber por que ler Por que ler Hilda Hilst. Pois tudo conspira para este ser um pequeno grande livro. Primeiro, a abrangência e a clareza da "Nota", de um dos maiores especialistas em Hilda Hilst, o professor da Unicamp Alcir Pécora. Segundo, a prazer do resumo biográfico do "Retrato", para o que a vida e a pessoa de Hilst são de grande valia. Terceiro, a acuidade da análise crítica de várias passagens da obra de Hilst no "Ensaio". Quarto, a quantidade e a qualidade dos fragmentos dessa obra, em suas várias linguagens, reproduzidas em "Entre aspas". Por fim, a síntese da bibliografia sobre Hilst na "Estante". Um verdadeiro biscoito fino, como diria Oswald de Andrade. Mas por que, afinal, ler Hilda Hilst? Talvez a melhor resposta seja a mesma dada por um famoso escalador, ao lhe ser perguntado por que fazia questão de subir o Everest: "Porque ele está lá". Resposta capciosa: a pracinha da esquina também está. O que a resposta, portanto, não explicita é: por que ele está lá e, apesar disso, é infrequentado? O mesmo vale para a obra de Hilda Hilst: uma obra de alta envergadura, mas praticamente abandonada na paisagem literária brasileira do século XX.