Sua primeira memória é uma memória em trânsito. Tem três anos de idade e o avião onde está sobrevoa a Cordilheira dos Andes. Fala espanhol. É o único idioma que conhece. Mas a memória não é de palavras. É uma imagem. Olha pela janela, a Cordilheira está coberta de neve. Não sabe para onde vai. Prosa, diário, teatro são esses gêneros narrativos a contornar a Cordilheira que atravessa este romance. Em uma incursão introspectiva, que perpassa a América Latina e seu passado marcado por invasões, massacres e lutas, Carola Saavedra se volta para questões individuais ao mesmo tempo em que se expande para um universo coletivo. Como escreve Julie Dorrico na orelha desta edição, a Cordilheira, essa personagem não humana, expõe uma antiga ferida que perdura neste continente: a farsa da identidade nacional singular já combalida de tantas mentiras. Com este livro intenso e provocativo, Carola Saavedra mais uma vez se confirma como uma das grandes escritoras brasileiras do século XXI [...]