Delinear o confronto de Heiner Müller com o que ele considera os aspectos mais avançados da produção de Bertold Brecht as peças de aprendizagem é o objeto de estudo do filósofo Luciano Gatti neste livro. A estratégia adotada pelo autor desdobra-se em duas: explorar a produtividade do confronto para a análise do teatro brechtiano e avaliar seu papel na configuração do teatro do próprio Müller. Dialogando com a teoria crítica de Walter Benjamin, Theodor Adorno, Peter Szondi e Hans-Thies Lehmann, este estudo busca mostrar Müller como traidor e herdeiro do teatro épico, extraindo sua força dessas oposições. Esta perspectiva evidencia o autoquestionamento inerente ao trabalho de Müller, e permite reconhecer no teatro contemporâneo a persistência dos impasses legados pelo teatro moderno.