Quando fixamos o nosso olhar nos Sermões de Nicolau de Cusa (1401-1464), encontramos um número considerável de definições que não só reitera as ideias sobre o amor desenvolvidas nos outros escritos do filósofo alemão, como também direciona o tema para o plano ético, onde, em última instância, o amor é definido como forma das virtudes incorruptíveis. Todavia, não se trata apenas de um direcionamento para tal plano, na verdade, é antes o caminho inverso que é feito, ou seja, o tema do amor tem como foco ou como fonte a dimensão da ética, por isso o encaminhamento das definições para o âmbito dessa dimensão só se mostra naturalmente possível porque as próprias definições têm como origem aquele centro. Sendo assim, semelhante a um movimento de processão e retorno, o centro comum das definições metafóricas sobre o amor tem uma unidade de sentido da qual derivam os sentidos do amor e para a qual retornam o amor e seus sentidos. Não obstante, este movimento dinâmico esbarra, assim como o tema sobre os nomes divinos, na linguagem e, consequentemente, nos seus limites. Logo, nada mais natural do que apresentar o amor através de um discurso metafórico, construindo, assim, uma simbologia do amor. É importante lembrar, ainda, que os Sermões englobam todos os anos da atividade religiosa e filosófica de Nicolau de Cusa. O primeiro é de 1430, sendo anterior ao De docta ignorantia, e o último é do mesmo ano da Carta a Albergati, 1463. Analisados do ponto de vista cronológico pode-se afirmar que os Sermões acompanham, paralelamente, os escritos filosóficos do pensador alemão. Além disso, constituem uma documentação importante, senão indispensável, para a compreensão de uma simbologia do amor na sua filosofia.