O debate já antigo sobre as mudanças climáticas em nosso planeta costuma ter um sabor amargo para aqueles que nele se envolvem. De um lado, evidências cada vez mais gritantes da magnitude do problema; por outro, a constatação de que mesmo metas muito modestas de redução de emissão de gases de efeito estufa têm dificuldades imensas de se concretizar. Diante disso, é frequente atribuir a permanência do fenômeno sobretudo à uma falta de vontade política – geralmente associada a algum vilão da vez. O livro de Eduardo Sá Barreto, O capital na estufa, foge deste panorama ao apresentar uma penetrante radiografia da lógica mais geral que preside à acumulação mundial capitalista, responsável, em seu entender, pelo agravamento da questão climática. Porém, antes desta apresentação, ele percorre os meandros dos argumentos mais frequentes do establishment econômico para lidar com o problema: o reiterado apelo à eficiência energética, à mitigação das emissões de CO2, à consciência ambiental etc