No mundo de Enfeitiçados todos nós, não há lugar para o riso, para a alegria esfuziante, para o amor sereno, para a luz clara da manhã, para o sol luminoso do meio-dia, para a noite estrelada do Cruzeiro do Sul. É um mundo silente, de reflexão, sem vozes festivas, mas de intensa palpitação, universo lancinante, perturbador, povoado pela loucura, pela agônica luta do homem, amesquinhado pela razão desvairada e atormentado pelo sexo. Não há, ao longo de toda a narrativa, concessões a novidades temáticas e formais, nem por isso deixa de exercer poderoso fascínio, interesse cativante, em decorrência de uma prosa heráldica, de um discurso sério, a manifestar problemas fundamentais, correlacionados com as forças primitivas, com o desejo, que dormem, no interior da alma, e com os traumatismos resultantes dos choques com a vida, com os revezes da realidade, com a pujança da libido. Luís Tavares, da comissão julgadora de contos da II Bienal Nestlé da Literatura Brasileira [...]