A família representa o primeiro e o mais próximo grupo social com o qual a criança mantém as relações pessoais mais íntimas e, em se tratando de indivíduos com necessidades especiais, em muitos casos, as únicas. Nesse sentido, esta obra é resultado de um estudo que investigou a concepção da família sobre a criança surda. Participaram da pesquisa 11 casais, pais de alunos de uma escola para surdos. Para a análise dos dados obtidos foram definidos quatro eixos temáticos: a abordagem sobre a deficiência, o contexto familiar, o contexto social e o contexto escolar. Entre os resultados da pesquisa constatou-se que a percepção da surdez não é imediata ao nascimento e que o diagnóstico ocorre normalmente quando a criança deixa de desenvolver a fala. Verificou-se que as reações iniciais dos pais, diante da descoberta, são de sofrimento e desespero e sua aceitação ocorre com o tempo, mas não de forma plena. Chegou-se à conclusão que as famílias não participam de forma ampla no desenvolvimento do filho surdo em razão das dificuldades de comunicação, uma vez que a aquisição da linguagem de sinais só ocorre a partir do momento em que a criança começa a frequentar a escola para surdos. Pode-se afirmar, segundo a abordagem vygotskyana, que a participação da família no desenvolvimento da criança e na aquisição da linguagem é de suma importância, pois os conhecimentos e a visão de mundo dependem do meio físico e social e, por decorrência, a aprendizagem e o desenvolvimento relacionam-se intimamente ao contexto sociocultural no qual a pessoa está inserida.