Segundo Vagner Gonçalves da Silva, professor do Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo, Rita Amaral demonstra que "um dos principais aspectos do candomblé - e das demais religiões de influência africana no Brasil - é o caráter festivo que impregna suas cerimônias públicas, nos quais a festa traduz em vários planos a percepção de que o contato entre o mundo dos deuses e dos homens é um momento singular e a experiência do sagrado deve ser vivida como um deleite de todos os sentidos humanos." Em Xirê, o modo de crer e de viver no candomblé, a autora demonstra ainda que a festa revela a importância da dimensão lúdica na constituição do candomblé como religião que valoriza a alegria, o prazer, o dispêndio, a sensualidade, o corpo, a vida, gerando um estilo de vida singular e plausível de ser reconhecido pela sociedade em geral. A autora apresenta o mundo do candomblé com riqueza de detalhes cotidianos raramente registrados nas etnografias clássicas ou contemporâneas sobre o tema, sendo sua leitura recomendada tanto para o público não especialista como para o povo-de-santo e, ainda, para os estudiosos das religiões afro-brasileiras. Rita Amaral é doutora em Antropologia Social e pós-doutorada em Etnologia Afro-Brasileira pelo Museu de Arqueologia e Etnologia, ambos pela Universidade de São Paulo, onde organizou as coleções de peças religiosas afro-brasileiras. Estuda as religiões de influência africana desde 1986 e fez parte da equipe de pesquisa de Reginaldo Prandi, que estudou pela primeira vez o candomblé de São Paulo. Tem diversos artigos sobre o tema e atualmente desenvolve estudos sobre antropologia e hipermídia.