São poucos, além dos peritos em Novo Testamento, que sabem que Maria de Mágdala não é a pecadora de que fala Lucas. Sobre a mulher que, mais do que qualquer outro seguidor de Jesus, esteve por perto, anunciando por primeiro sua ressurreição, despejou-se todo o preconceito das presumíveis irregularidades femininas em sua globalidade. Na verdade, a própria deformação de que foi vítima, ao longo dos séculos, pode indicar que sua figura reflete alguma exigência universal do mundo masculino. Estudar a figura de Maria Madalena leva-nos, na realidade, a defrontar-nos com o problema da mulher, aliás, da feminilidade dentro do cristianismo. É isto o que faz a autora neste surpreendente estudo, baseado no testemunho dos evangelhos apócrifos, dos Padres da Igreja, de alguns teólogos da Idade Média, da literatura devocional e das artes plásticas.