A escravidão de africanos na colônia portuguesa da América foi a mais volumosa e duradoura do Ocidente. Ao partir da tríade pano, pau e pão, imortalizada pelo inaciano setecentista Andreoni (Antonil), a historiadora Ana Carolina de Carvalho Viotti descortina alguns dos consensos fundamentais estabelecidos à época sobre o trato dos escravos. A escravidão parece, quando vista dos séculos XX, XXI, tão bárbara, tão brutal e cruel que custa-nos crer que se tratava, para a sociedade que se consolidou na América Portuguesa ao longo dos séculos XVI, XVII e XVIII, de uma prática familiar, estável e, sobretudo, bastante regulada.