Em um país de população mestiça, é constrangedor descobrir que negros e mestiços, de um modo geral , ainda são tratados com indiferença pelas políticas públicas e que as benesses do mundo tecnológico moderno ainda lhes são negadas. Maria Salete Joaquim percebe que por trás desse cenário conflitante e inóspito existe uma resistência e um movimento de recuperação dos valores sociais, religiosos e culturais promovidos pelas lideranças religiosas femininas - as mães-de-santo. Foram essas mulheres, negras em sua maioria, que, imbuídas do prestígio sociorreligioso de seu cargo, souberam utilizá-lo para garantir a preservação dos valores dos afrodescendentes, recuperando e agregando costumes e conceitos à cultura africana sobrevivente à diáspora, e partiram para a reestruturação de suas comunidades. Apesar das distintas posturas no tocante ao sincretismo religioso e à forma de agir, essas mulheres são unânimes em perceber a importância de se reverter esse quadro e construir uma sociedade mais justa, na qual os afrodescendentes tenham enfim o seu espaço respeitado. Assim, O Papel da Liderança Religiosa Feminina na Construção da Identidade Negra, além de traçar um panorama dos conceitos religiosos do candomblé, traz, nas palavras das mães-de-santo entrevistadas, o modo como vêm promovendo essa revolução no pensamento afrodescendente, revitalizando.