De modo pioneiro e original, Vanessa Schinke trilha esse caminho com segurança, convicção e capacidade narrativa. É uma pesquisa, portanto, de méritos inegáveis. Como obra acabada e com qualidade própria, ela também indica a necessidade de mais pesquisas sobre o funcionamento das instituições ligadas ao sistema de justiça durante o regime militar. Que venham novos esforços e novas descobertas, para que o nosso conhecimento sobre o período consiga captar a complexidade e as ambiguidades dos governos que, no curso de 21 anos, foram responsáveis pela longa noite da ditadura brasileira. Cristiano Paixão, Universidade de Brasília A despeito de importantes conquistas sociais alcançadas desde a redemocratização (a elidirem qualquer saudosismo do período sombrio da ditadura civil-militar pós-1964), o fato é que o Brasil ainda é um dos países mais desiguais do mundo. Para agravar esse quadro, os entes oficiais não lograram desvencilhar-se do velho tratamento da questão social como caso de polícia. O que tem impedido a atividade jurisdicional seguir o projeto constitucional de construção de sociedade livre, justa e solidária? É possível esperar do Judiciário uma aplicação emancipatória dos direitos? A presente obra Judiciário e Autoritarismo: regime autoritário (1964-1985), democracia e permanências, de autoria da pesquisadora Vanessa Dorneles Schinke, aponta alguns caminhos que podem trazer respostas a tais indagações.