Em 2017, manifestantes se reuniram na porta da Hebraica do Rio de Janeiro para protestar contra uma palestra que aconteceria no clube. Do interior, judeus de viés político conservador aguardavam pelo então candidato à presidência e representante máximo da extrema-direita brasileira, Jair Messias Bolsonaro. Num discurso que se tornaria memorioso, o futuro presidente expôs parte da comunidade judaica a uma mistura nefasta de antissemitismo, racismo e confusão histórica — e, ainda assim, foi publicamente ovacionado, ao mesmo tempo que criou uma cisão naquela comunidade. Do lado de fora da Hebraica estava Michel Gherman, professor de sociologia da UFRJ, universidade onde também atua como pesquisador do Núcleo Interdisciplinar de Estudos Judaicos. Além de se manifestar contra o político, o autor colhia impressões que mais tarde elaboraria neste ensaio, O não judeu judeu: A tentativa de colonização do judaísmo pelo bolsonarismo, incontornável para entender o Brasil atual.