Às vezes eu passo um tempo na Buenas Bookstore. É talvez a menor livraria do mundo, e a mais legal também. Cabem um bom número de livros, cabe o próprio Buenas, com seu notebook, com seu fone de ouvido, ouvindo sua trilha particular ou revendo pela centésima vez o documentário sobre a banda Big Star, cabem talvez mais uns dois bêbados inoportunos, já que a livraria funciona dentro de um bar. E quando passo lá, às vezes, a livraria parece, não sei, algo mais orgânico do que concreto. Há algo interno, invisível nela, que a transforma em uma livraria enorme. Isso porque Buenas construiu, de uma forma muito natural, seu espaço de trabalho como um retrato fiel de seu espírito. A mesma impressão é passada nos textos deste livro. Já no primeiro, vemos que se trata de um livro sobre um homem que deixa muito claro que não procura por nada, e preenche esse nada com músicas, diários de leitura, de hábitos, relatos de lembranças familiares