Ao revelar o segredo de Minas, Amilcar Martins Filho não contribuiu somente para que se aprofundasse o entendimento das relações entre interesses econômicos e interesses políticos numa área regional, o que já não seria pouco. Foi além, abrindo caminho para a melhor compreensão da Primeira República e, mais ainda, para a compreensão do patrimonialismo, cuja marca esteve presente nas relações sócio-políticas do país. O livro tem uma dupla importância. De um lado, contribui significativamente para a construção de um edifício nunca acabado -- por não ser passível de acabamento final -- cujos alicerces se localizam no tema clássico das relações entre representação política e elite econômica. De outro, dá um grande passo no sentido de elucidar um rótulo atraente e ao mesmo tempo enganoso da nossa historiografia: o da república do café com leite. Rótulo enganoso porque nem a metáfora se ajusta à realidade da diversificação da economia mineira, nem o reducionismo econômico pode dar conta do papel desempenhado pelos dois estados mais importantes da Federação, entre 1889 e 1930.