Uma contadora de histórias compulsiva, como ela própria se descreve, Cecilia Costa mescla fato e ficção para urdir a trama de seu segundo romance. JULIA E O MAGO traz personagens reais, que passaram pela vida da autora, e outros ligados à família do escritor Thomas Mann, filho da brasileira Julia. O resultado é um relato que se situa entre a objetividade jornalística e a emoção de quem viveu situações semelhantes às que criou para o livro. Depois de lutar com a morte, de ver a alma voltar para o próprio corpo, Antônio se entrega à aventura de perseguir o amor em todos os instantes da vida e em todas as suas inesgotáveis possibilidades, as mais sublimes e as mais sórdidas. É assim que Julia decifra o mago, seu pai, e vive a aventura de também se desvelar. Ela inventa coragem para minerar os esconderijos da memória e confronta seus encontros e achados com narrativas e percepções do presente. Tudo é movediço e perturbador. As histórias de JULIA E O MAGO nos trazem lembranças das alegrias e terrores mais primitivos e não nos deixam fugir do espelho. Evocam os obscuros e renitentes poderes da casa rodriguiana e nos põem a conviver com a opressão, as infidelidades, as conspirações, os pecados e, sobretudo, os amores de toda boa e velha família que se preza.Escrever ficção a ajuda no auto-conhecimento, diz Cecília, que nunca deixou o jornalismo de lado, e que não teme constrangimentos por se revelar ao mostrar experiências reais. “90% da produção literária são relatos da vida de cada um. E o que é a vida senão uma criação artística também?”, indaga a autora, que mal considerou o trabalho de JULIA E O MAGO encerrado e já tem dois projetos prontos a iniciar: um livro sobre Machado de Assis e outro sobre Maria Graham, uma escritora inglesa que morou no Brasil e foi amiga da Imperatriz Leopoldina.