Nem sempre há possibilidade de redenção, na vida e na literatura. Mas, às vezes, há a possibilidade de vislumbres de uma luz estranha, que quando toca sempre com assombro e volatilidade as coisas do mundo, tem o poder de vicejar, em pequenos instantes, verdadeiras epifanias. É disto que se encarrega a escrita de Iko Flores, das impressões indizíveis encapsuladas de forma quase sobrenatural em invólucro de texto. Em seu livro de estreia, nos deparamos com a escassez das respostas, porque elas deixam de ser importantes quando são os enunciados que carregam as revelações. No conto A idade das perguntas, que dá título ao livro, os questionamentos se desenrolam sem sobreposições hierárquicas, ou sem apreço ao reino da lógica. O que é o suicídio? a criança pergunta ao pai. Quando o sol se põe no horizonte, ele passa a iluminar o fundo do mar? Também os cavalos, quando velhos, ficam grisalhos? Indagações infantis, profundamente necessárias: enquanto o olhar da criança busca (...)