No Brasil de meados do século XIX, a imigração chinesa mobilizou as atenções das elites em torno da seguinte questão: até que ponto os imigrantes chineses poderiam concorrer para que a "transição" do trabalho escravo ao trabalho livre se fi zesse de um modo harmonioso e condizente com os interesses da grande propriedade rural? Nos Estados Unidos do início do século XX, mais de duas décadas depois da imigração chinesa ter sido legalmente proibida, a questão a ser respondida pelas elites era bem outra: como estabelecer uma política de restrição à imigração, combinada da deportação de "imigrantes indesejáveis", sem ferir a antiga imagem do país como um refúgio de oprimidos do "Velho Mundo"? Em ambos os debates, o racismo científi co direciona as propostas em torno do imigrante ideal, o aclamado tipo racial branco, denominado "anglo-saxônico", "caucasiano", ou ainda, "ariano". Com isso fecham-se os portões da imigração destes dois países americanos a todos aqueles associados com "raças" inferiores, como os asiáticos e os africanos e, no caso dos Estados Unidos, também os judeus e povos do sul e leste europeus.