É a partir da relação entre passado e presente, com vista ao futuro, que a história vai sendo construída e reconstruída pelos atores entrevistados. Relembrar o passado é crucial para dar sentido de identidade: saber o que se foi, confirma o que se é. A identidade e a continuidade dependem da memória, pois é ela que pontua o passado e busca os interstícios pretéritos. Penetrar no universo de relatos pessoais é mergulhar em significados e atribuições permeados por uma constante luta pelo poder em si mesmo e também pelo poder a que se está submetido. As narrativas dos sujeitos da Comunidade de Castanhão, conforme se pode ver nessa obra sobre análise de conteúdo, funcionaram como o norte do estudo, pois, para não ser impregnada de técnica, ressalta-se a importância de descobrir as relações de classe que se organizam nos arranjos da sociedade. Nesse sentido, a comunidade de Castanhão, descortina-se um caminho que vem sendo trilhado lento, mas firmemente, com convicção de fortalecimento da nova geração de modo a divulgar a identidade negra e quilombola, que certamente desaguará na proposta de autoatribuição, a fim de obter da Fundação Palmares a certificação das terras, que tornará possível não só reparar uma tragédia histórica, mas oferecer condições por meio de políticas públicas para que a Comunidade de Castanhão assuma as rédeas do próprio destino. Castanhão em sua construção da identidade está interligada com o contexto cultural, tendo em vista que todas as intervenções sociais e as características de cada tipo de identidade conectam-se ao ser social, esta construção passa pela interação com o outro, pois só a interação social permite viver em sociedade e dessa forma, pode nascer no sujeito, sua consciência identitária.