"Os Choros são, sem a menor sombra de dúvida, o mais celebrado conjunto de obras dentro do imenso universo criado por Villa-Lobos. Inquestionáveis em força e originalidade - ncarnação sonora da alma brasileira - celebra-se e lamenta-se nos Choros, ao mesmo tempo, sua irracionalidade, seu desprezo pelas formas e pela linearidade de pensamento. Mas, o que são os choros? Sua poética e seus procedimentos composicionais são, de fato, originais? Mesmo a mais original criação possui precedentes. Como utilizar os mesmos adjetivos para caracterizar obras tão diversas, por vezes mesmo opostas, quanto os Choros n.6 e n.8? E como Villa-Lobos foi capaz de criar obras tão díspares em alguns poucos anos? A não ser que os anos não tenham sido assim tão poucos Este livro propõe uma viagem dupla. De início, nos dirigimos à Europa e à efervescência cultural de princípios do século XX. Daí vem o Primitivismo nas Artes e na Música e aí encontraremos a centelha estética e os processos composicionais que fizeram Villa-Lobos se descobrir como criador de uma arte nacional. Depois, nos voltamos às obras em si, aos Choros orquestrais, em toda sua fascinante complexidade. Deste mergulho duplo sairemos com mais ferramentas para racionalizar a irracionalidade villalobiana, interpretar o gesto intuitivo e fazer sentido de seu universo criativo - um universo de sentido tão particular e original quanto sua inspiração, o Brasil visto pelos olhos do artista. "