Os ricos temem os pobres, os pobres temem a polícia, a classe média teme o crime, os fracos temem os fortes, os professores temem os estudantes, os doentes temem a morte. O medo, assim, proporciona meios para que cada um crie sua própria prisão, acomodando-se ao cárcere muitas vezes como o refúgio de uma improvável segurança. Dessa forma, então, há que se considerar a naturalidade do medo, admitir que ele é um componente intrínseco e jamais desvinculado da experiência humana, mesmo que se façam esforços para superá-lo. Subsiste como componente de um sistema ligado aos instintos, indissociável até de um modelo de gatilho deflagrador de sistemas de defesa incontestavelmente importantes, também, para a sobrevivência do indivíduo em contextos de extrema adversidade.