Para os escritores, religiosos ou não, a Bíblia é como uma variante impressa da Esfinge de Tebas: decifra-me ou devoro-te. Com um detalhe: mesmo que se a decifre - o que talvez esteja ao alcance de bem poucos -, não há como não ser por ela devorado. O autor deste Sombras, Luz e Redenção, Tito Liberato, assim o fez. Devidamente "devorado" pela esfinge bíblica, valeu-se de relatos evangélicos para compor duas das três novelas que integram este livro. A terceira novela é também narrativa de fundo histórico e religioso, evocando a figura do lendário Padre Antônio Viera. Os relatos que recompõem, com precisão, a atmosfera daqueles dias, o ambiente social de uma Judeia dominada pela justiça dos Césares, a cumplicidade dos sacerdotes e a submissão do povo. Não há dúvida de que o autor conhece a fundo todo esse cenário, da gastronomia à geomorfologia, sem esquecer, por óbvio, o referencial bíblico que o permeia. [...]