Adoro crianças. Quero dizer, adoro comê-las." O prólogo deste livro avisa: essa é uma história de bruxa que come criancinhas. Saudosa dos velhos tempos, da floresta e principalmente do "método tradicional" de capturar crianças - por intermédio dos pais -, a bruxa Holaderry se apresenta descrevendo grandes feitos e sua nova condição. Adaptada à cidade, ela promove passeios infantis, idas ao cinema e possui uma legião de ajudantes (humanos) que facilitam seu trabalho. Com inúmeras referências ao clássico dos irmãos Grimm, este romance juvenil pode ser lido como uma homenagem, ou mesmo uma continuação, de João e Maria. Apesar de, aqui, serem motivos banais que alavancam a decisão dos pais de se livrar dos próprios filhos (uma nota vermelha na escola, uma traquinagem, um banheiro ocupado), a narrativa não deixa dúvidas: Holaderry é aquela mesma criatura que tentou papar os dois jovens na história dos irmãos Grimm, lá no tempo do Era Uma Vez. Um livro engraçado e ao mesmo tempo assustador, com gosto de clássico mas permeado por uma troça inusitada, para fazer rir e gelar a espinha, tudo ao mesmo tempo.