Grandes livros e histórias sempre partem de grandes questões ou dúvidas como forma de provocação. Normalmente as respostas nunca são alcançadas, e o grande barato é esse: a busca por elas. Desembrulho, livro de contos de Diego Soares não é diferente. Se pudesse ser definido por meio de uma questão seria: Quem sou eu? qual minha identidade (aqui você também se insere, leitor) a partir de conexões com o outro? Quem eu sou a partir do meio em que vivo e por meio do Deus, com o qual me relaciono? Se fosse ser marcado por uma frase chave seria identidade impermanente. E é essa impermanência que dá o tom dos vinte e um contos fragmentados em três seções ou provocações: casca, miolo e semente. Talvez a melhor forma de apresentar Desembrulho seja associar a Anicca. Um conceito budista, que é considerado uma das quatro nobres verdades. Anicca define-se por impermanência. Qualquer ideia de existência, seja do eu, seja de um objeto ou de uma experiência é impermanente. Ela não perdura. (...)