Este livro apresenta diferentes abordagens sobre objetos variados, mas as inspirações teóricas apontam para os usos interpretativos e qualitativos dos mesmos. Os capítulos apresentam análises que se fundamentam no interacionismo simbólico interpretativo, nas obras foucauldianas, nos estudos culturais e no pós-estruturalismo francês. Todo o este livro caminha contra a corrente do mainstream acadêmico na área de criminologia, cujas teses estão condensadas no livro Positive Criminology , coordenado por Travis Hirschi e Michael Gottfredson, que teve ampla repercussão no cenário brasileiro fazendo parte, inclusive, de políticas criminais encontradas em vários de nossos Estados. As teses de tal criminologia estão resumidas em dois princípios: o primeiro se refere à crença de que existe uma realidade externa objetiva que pode ser encontrada através de metodologias quantitativas "sofisticadas"; o segundo princípio advoga que não devemos buscar explicações sobre o crime, consideradas muito caras, mas economizar verbas para criar medidas repressivas visando contê-lo. O lema de tal corrente está presente em outro texto cujo título é: a ocasião faz o ladrão. Deve-se evitar proporcionar oportunidades para que alguém cometa um crime, seja aumentando o autocontrole dos indivíduos, seja criando obstáculos aos agressores. A criminologia positiva parte de uma visão de que a natureza humana é má. Nossa contribuição é um enfrentamento direto contra estas receitas.