Existe um mundo possível em que este livro não foi escrito. Existe outro mundo possível em que ele foi escrito, mas você não o leu. Existe ainda outro em que você o leu e o usou como apoio para o mouse durante algum tempo. E muitos outros. Será que faz sentido falar nesses mundos possíveis? Ou será que o mundo em que vivemos é o único possível? Essas são questões bastante discuti-das contemporaneamente, mas que remontam, historicamente, a Leibniz, e de maneira mais discreta e seminal, podemos dizer, a Descartes. Assim, este livro tem, sobretudo, a perspectiva da História da Filosofia. Trata-se de entender se Descartes, por força do que diz principalmente em cartas, teria sustentado uma metafísica de mundos possíveis, e se sim, se podemos atribuir a ele algum tipo de possibilismo (a tese de que há mais de um mundo possível) ou algum tipo de necessitarismo (a tese de que há somente um mundo possível). [...]