Colocar um santo preto no lugar mais alto do altar principal de uma igreja particular, em fins do século XIX, não foi tarefa fácil para a Irmandade de São Benedito do Largo São Francisco. A cena até poderia ser habitual, considerando a quantidade de irmandades de pretos que ainda existiam em todo o Brasil Imperial. Contudo, na Igreja do Convento de São Francisco, no centro da cidade de São Paulo, o santo siciliano, invocado como protetor das comunidades negras, só chegou ao nicho principal depois de um longo processo de disputas, resistência e protagonismo daquele grupo constituído majoritariamente por pretos e pretas pobres, escravizados ou ex-escravizados.