Romance inaugural de Júlia Lopes de Almeida, Memórias de Martha foi publicado pela primeira vez em 1888, a princípio, na forma de folhetim e, depois, como livro. Assim como em suas obras seguintes, nesta destaca-se a preocupação de Júlia em dar voz a uma protagonista feminina e em ressaltar sua importância para a sociedade. Narrado em primeira pessoa, o livro é uma autobiografia ficcional da jovem Martha. Órfã de pai, vê-se, junto à mãe, relegada à pobreza de um cortiço no bairro de São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Durante seu crescimento como mulher, encontra na educação a única chance de escapar de sua sina. As constantes preocupações da mãe, que aconselha a filha a aprender os afazeres domésticos para que possa se sustentar depois da morte desta, enquanto a menina vislumbra a ascensão por meio da carreira de professora, evidenciam as transformações do papel social da mulher no fim do século XIX.