Certos livros renovam-se a cada época, adquirindo impressionante atualidade, justamente por conseguirem penetrar nas questões mais profundas da sociedade e da existência humanas. Este é o caso de Recordações da Casa dos Mortos, de Fiódor Dostoiévski, obra-prima que a editora Nova Alexandria reedita com novo projeto gráfico miolo e capa , e já em conformidade com o Novo Acordo Ortográfico. Originalmente publicada de forma seriada entre os anos de 1861 e 1862, Recordações da Casa dos Mortos contém elementos que serão posteriormente retrabalhados em Crime e Castigo, de 1866. Por meio do personagem Alexander Petrovitch Goriantchikov, condenado pelo assassinato da esposa, Dostoiévski retrata o sofrimento físico e mental dos que foram segregados da sociedade e confinados em uma prisão. Baseado em sua própria experiência de quatro anos como prisioneiro político nos campos da Sibéria, o romance revela a degradação humana, comum a todos os sistemas prisionais. O homem humilhado socialmente, vivendo situações-limite e carregando o peso de suas culpas, encontra-se aqui intensamente representado. A edição inclui, ainda, a Carta de Dostoiévski ao irmão Mikhail, que desvela um Dostoiévski fragilizado, solicitando a atenção fraterna, tanto material como espiritualmente. Minha alma, minhas crenças, minha inteligência e meu coração se transformaram nesses quatro anos, externaliza em determinado ponto da carta.